malokinha                 instalação                    2019

"Malokinha", criada em 2017, feita inteiramente com materiais reaproveitados, muitas vezes descartados, uma instalação inspirada na arquitetura indígena brasileira.
O projeto, uma colaboração com o pai do artista, uma influência significativa em sua jornada artística, ocupa um lugar especial como favorito. A origem deste pequeno abrigo decorre de uma reflexão profunda sobre direito à moradia, pessoas em situação de rua, e caboclos desaldeados, entrelaçando fios simbólicos com a demarcação de terras indígenas.

Além da forma física, "Malokinha" incorpora uma narrativa mais profunda, buscando conexões ancestrais — uma jornada em direção à reconciliação e à cura.

fugindo de mim videoarte 2018

Estado de evitação no qual a pessoa foge constantemente de si mesma e dos seus próprios problemas, correndo em direção ao nada, perdendo as próprias fronteiras. “Assincronia” em relação à rotação da Terra. Se perder, fugir e inevitavelmente esbarrar em si mesmo.


imagem semelhança auto-retrato 2020

"Imagem Semelhança - Releitura de Adão e Eva numa tentativa pedagógica de pensar a não binariedade. Fotografia impressa única, revelada com pigmento mineral sobre algodão.
Coleção Fernando Bueno.


jogo de damas video arte 2022

Tem um certo peso em se filmar chorando, já fiz isso inúmeras vezes, mas atualmente o algoritmo solidificou uma expectativa de momentos de glória e beleza a ponto de não haver espaço para vulnerabilidade ou as chamadas emoções negativas. As formigas referem-se ao trabalho, à rotina e decomposição. Borboletas sinalizam a presença de Oyá. As lágrimas e a cachoeira são fortemente Oxum. Descobri o poema de Fauzi Arap navegando no TikTok, interpretado por Maria Bethânia. O som veio de um remix produzido por mim da música "Francisco" de Milton Nascimento. O poema é recitado com minha voz."

versions of me II IA 2023

"Na minha jornada de experimentação com IAs, enfrentei uma dificuldade que era gerar corpos racialmente complexos. Aqui no Brasil a maioria da população é parda, fruto de uma política estatal de “branqueamento” da “raça brasileira”. Sinto o impulso do movimento oposto; Quero me reconectar com minhas raízes que são sistematicamente apagadas. Minha cor de pele é marrom, meu cabelo tem textura cacheada e meu rosto tem traços étnicos indígenas. Ao tentar gerar uma “mulher indígena”, “mulata” ou “mestiça”, nunca consegui resultados desejados. E ao usar termos mais gerais, como “uma mulher” ou algo parecido, o resultado final era sempre uma mulher cis branca, loira ou ruiva. Depois de muitas tentativas e resultados frustrantes, decidi gerar retratos à partir de um autorretrato como sugestão. Finalmente então, pude ver corpos, rostos e tons de pele com os quais me identifiquei. Sinto que estou sempre usando máscaras diferentes, e foi essa a sensação que tive quando vi diferentes versões de mim mesmo. Também pensei no multiverso e nas linhas do tempo infinitamente diferentes. Quem sou eu em diferentes condições, ou numa realidade diferente, ou até mesmo sobre a multiplicidade de sentimentos e vozes dentro de nós."

SÉRIO video arte 2020

SÉRIO é uma videoarte irônica e ao mesmo tempo humorística. Enquanto o artista olha diretamente para você criando uma certa intimidade, você ouve os ruídos de uma paisagem silenciosa. São 5 minutos de meditação ativa, olhando nos olhos da câmera. Pensando na síndrome do impostor, se arte é um trabalho “sério”. Trata-se também de questionar a utilidade da arte, mas principalmente uma declaração que acredito sim que a arte é realmente um trabalho sério. De qualquer forma, nunca se leve tão à sério.


nature is a language IA 2023

“a natureza é uma linguagem, (você não sabe ler?)”

“Hoje, à medida que a inteligência artificial se torna cada vez mais sofisticada, estamos também a revelar outras inteligências na natureza, nas plantas, nos animais e nas comunidades ecológicas em todas as escalas. (...) A ideia então é que a consciência não é uma característica exclusivamente humana neste planeta vivo. Existem outras mentes ao nosso redor na natureza, emergindo de diferentes formas de vida. Isso evoca a necessidade de uma linguagem em comum. Podemos nos comunicar com essas mentes?". (...) "O irmão David Steindl-Rast fornece uma resposta provisória em seu ensaio “espiritualidade como senso comum". Na sua opinião, o senso comum não se refere ao pensamento racional e à resolução de problemas em questões práticas. Em vez disso, é comparável aos sentidos humanos básicos, como a visão, audição, olfato, paladar e tato, que nos permitem conectar-nos com o mundo que nos rodeia. Mas os sentidos também não são exclusivos dos humanos. Toda a vida se conecta ao nosso redor, e Steindl-Rast sugere que isso acontece através de um “senso comum”. Como humanos, experimentamos esse senso comum quando nos conectamos com animais, árvores ou outros seres vivos e vivenciamos momentos de afinidade e conexão profunda. E se a vida tiver uma linguagem comum? Sabemos que toda a vida compartilha um código comum: o DNA. e RNA. Mas e se a vida tiver uma linguagem comum dos sentidos, não uma linguagem baseada num sistema de semiótica, mas uma linguagem baseada num senso comum, uma linguagem que possamos compreender em princípio, talvez através do sentimento?".
Aprendendo a linguagem da natureza, Timothy Seekings;


"A floresta está viva. Só morrerá se os brancos insistirem em destruí-la. Se conseguirem, os rios desaparecerão sob a terra, o solo desmoronará, as árvores murcharão e as rochas quebrarão com o calor. A terra seca ficará vazia e silenciosa. Os espíritos xapiri, que descem das montanhas para brincar na floresta em seus espelhos, fugirão para longe. Teus pais, os xamãs, não poderão chamá-los e fazê-los dançar para nos proteger. Eles não conseguirão afastar os vapores epidêmicos que nos devoram. Não, eles não conseguirão conter os seres malignos, que transformarão a floresta em um caos. Tanto os brancos, quanto todos nós, todos os xamãs, acabarão por morrer. Quando não houver nenhum deles vivo para sustentar o céu, ele entrará em colapso."

A queda do céu, David Kopenawa;